O impacto de um objeto celeste com a atmosfera do nosso planeta feriu quase
mil pessoas no sul da Rússia e
produziu imagens assustadoras, nesta sexta-feira (15). Era um meteoro que se
fragmentou em meteoritos e que danificou prédios e interrompeu ligações
telefônicas. Também nesta sexta, um asteroide passou a uma distância
relativamente pequena da Terra, mas astrônomos de várias partes do mundo
disseram que esses dois fenômenos não têm ligação um com o outro.
O motorista filmou de dentro do carro a bola de fogo cruzando o céu. O
brilho é tão intenso que provoca um clarão na cidade de Chelyabinsk, distante
1,5 mil quilômetros de Moscou. A impressão
é de que a bola de fogo está muito perto e de que vai se chocar com a Terra.
O fenômeno deixa um longo rastro, uma cauda de fumaça. Os cientistas
explicam que o termo “meteoro” se refere ao rastro luminoso provocado pela
entrada de um corpo celeste na atmosfera. Já os pedaços menores, que podem
atingir a superfície da Terra, são chamados de meteoritos.
Segundo as autoridades da Rússia, a rocha que veio do espaço tinha 12 metros
de largura e pesava cerca de dez toneladas quando entrou na atmosfera da Terra
a uma velocidade supersônica de 54 mil quilômetros por hora. Os cientistas
dizem que entre 30 e 50 quilômetros da superfície ela se desintegrou em
pequenas partes.
O governo russo explicou que, ao explodir no céu, o fenômeno liberou uma
energia equivalente à de uma bomba atômica. Vários estrondos foram ouvidos na
região.
O deslocamento do ar estilhaçou vidros. Alarmes de automóveis dispararam.
Milhares de pessoas foram surpreendidas. Não tiveram tempo de se proteger. A
porta de um galpão foi arremessada como se fosse feita de papel. O teto de
outro galpão desabou. Cerca de mil pessoas ficaram feridas, entre elas centenas
de crianças. No momento do impacto, os telefones celulares pararam de
funcionar.
No Brasil, o astrônomo Júlio Lobo explicou o fenômeno. "Ele deve ter se
fragmentado ainda muito alto, e isso provocou um boom sônico. Então houve um
deslocamento de ar, por isso que nós vimos diversas janelas quebradas, e ele
também causa perturbação no campo magnético", disse.
Meteoritos já caíram no Brasil. Um dos mais conhecidos é o chamado de
Bendegó, que está no Museu Nacional do Rio de Janeiro. A rocha foi encontrada
no sertão da Bahia no século XVIII.
Os cientistas explicaram que não tiveram como prever o meteoro da Rússia
porque ele é considerado um corpo celeste pequeno e ainda não pode ser
detectado. Esse meteoro coincidiu com a passagem, nesta sexta, de um asteroide
perto da Terra. A passagem desse asteroide, que é bem maior, já havia sido
prevista pelos astrônomos.
O DA14-2012, como foi batizado pela Agência Espacial Americana, pesa 130 mil
toneladas e tem 45 metros de diâmetro, o equivalente a quase metade de um campo
de futebol. O asteroide passou a menos de 30 mil quilômetros da Terra,
distância considerada pequena. Os grandes satélites, usados em telecomunicações
e sistemas de posicionamento global, ficam oito mil quilômetros além disso.
Mesmo assim, não foi possível ver o asteroide a olho nu.
Alan Harris, cientista do Centro Aeroespacial da Alemanha, disse nesta sexta
que a passagem do asteroide e o impacto do meteoro sobre a Rússia são mera
coincidência. Essa é a mesma opinião dos cientistas da Nasa, que afirmam que a
passagem do asteroide não tem nenhuma relação com o meteoro da Rússia.
Denton Ebel é o especialista em meteoritos do
Museu de História Natural de Nova York. Segundo ele, os dois objetos
astronômicos estavam em trajetórias opostas, e por isso não é possível que haja
relação. E afirma: “Foi apenas uma coincidência.”